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sexta-feira, 21 de novembro de 2014
A consciência negra
Meu melhor amigo é negro. Nos conhecemos muitos anos atrás, quando fomos colegas de trabalho numa multinacional. Esse meu amigo, tinha uns 8 anos a mais de experiência que eu naquela função, que era um iniciante na época, mas nós ganhávamos o mesmo salário.
Entretanto nunca vi ele ficar reclamando disso. Ao contrário, ele sempre foi um homem que lutou muito para levar sustento aos seus filhos, pagar seus estudos na universidade e comprar alguns bons livros e alguns bons chopes.
Aprendi muito profissionalmente com ele. Percebia muitas vezes algumas pessoas com uma certa resistência inicial às ideias dele, muitas vezes eu interferia, ajudava, sou alto, branco, tenho olhos claros, a sociedade aceita melhor a minha opinião às vezes, infelizmente. Com o tempo, as pessoas davam a oportunidade para ele e ele mostrava toda a sua já comprovada competência e experiência.
Um dia conversando com ele, perguntei pra ele se alguma vez ele tinha sofrido preconceito. Notei no rosto dele uma expressão de tristeza, e ele me contou que várias vezes isso já tinha acontecido, inclusive em locais de trabalho. Fiquei com vergonha das pessoas que fizeram isso com ele.
Outra vez, ele estava preocupado porque não ia ter onde deixar sua filha, já que sua esposa começara a trabalhar. Perguntei pra ele, "porque você não a deixa com a sua mãe por um tempo? A minha certamente não ia jamais se negar de cuidar da minha filha pra mim". E então ele me disse..."minha mãe me acha esnobe Leo, porque eu não sou garçom, nem frentista, motorista de ônibus ou porteiro, para ela eu quis ter um trabalho de branco". Fiquei ainda mais triste.
Nunca entendi muito bem o dia da consciência negra. Para mim o dia de nos conscientizarmos contra o preconceito é qualquer dia. Creio eu que seria muito melhor não separar as pessoas em rótulos, como "negro", "branco", "rico", "pobre", "crente", "ateu"...eu sou Leonardo Hartmann, ninguém mais e vocês, quem são vocês?
Se os governos que temos, dessem melhores escolas para a população toda, de modo que as escolas particulares se tornassem inferiores às públicas, se desde lá no início, fosse feito o trabalho de base, veríamos mais cores em todos os lugares e seriam desnecessárias ações como as cotas para negros na universidades, por exemplo. Creio que não precisemos de consciência negra, ou de história negra, porque isso é dever e história de toda a população brasileira. Devemos reconhecer que fizemos errado com eles no passado e que hoje temos de ser todos iguais. Precisamos sim, colocar todos juntos, lado a lado, com igualdade de oportunidade. Esse é o lugar que quero viver, onde o meu colega de trabalho não precise, infelizmente, ter de se tornar um herói. A esse meu amigo, saúde guerreiro, tenha muito orgulho dos seus feitos e vá em frente!
Um abraço,
Leonardo
A foto do Obama é uma ilustração interessante. Ouvi falar dele de início muito mais por ser negro do que pelas suas ideias. O racismo termina no dia em que a ideia vier antes da cor...
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