
Olha a festa macaco
Torcida é coração
Quem não canta é amargo
E nunca vai sair campeão...
O cântico acima pertence a torcida geral do Grêmio. Existem muitos outros, ao qual pecham os colorados como macacos.
Fazendo um estudo histórico acerca das origens de ambos os clubes, Grêmio e Inter, vemos que o Grêmio nasceu a partir das elites ligadas à cultura alemã de Porto Alegre, e o Internacional nasceu a partir da negação desta ideia, haja vista que seus fundadores não puderam jogar no Grêmio (por não pertencerem a esta elite), e por isso fundaram o Internacional, anunciando que lá qualquer um poderia jogar. Vamos além, fazendo pesquisas sobre o perfil dos torcedores dos dois clubes, vemos que as classes mais favorecidas são tendentemente mais simpáticas ao Grêmio, assim como as menos favorecidas são mais ligadas ao Internacional.
Isso significa dizer que só há pobres na torcida do Inter? Não. Isso significa dizer que só há pessoas de boa renda na torcida do Grêmio? Também não.
Em tempo, já vi manifestações racistas também na torcida do Inter, assim como em qualquer torcida. Porque o racismo não é algo diretamente ligado ao futebol, é ligado às pessoas em si.
Isso significa dizer que a torcedora não merece ser punida? Também não.
A torcedora merece ser punida sim. Mas punições cabem apenas à justiça, que deve ser feita pelo ente público e não por justiceiros. Mais do que punida, ela tem que ser orientada, inclusive psicologicamente, ela tem que servir como símbolo e exemplo, seja para a torcida do Grêmio, seja para o povo gaúcho, para o Brasil e para o mundo. Me parece que dessa história toda, descobrimos que apenas aquela mulher é racista, e no resto do mundo só temos anjos, sendo que todo mundo sabe que não é assim.
Evitar o racismo é exercício diário. É cidadania diária. É dever de cada um de nós. Eu sou branco, tenho olhos claros, tenho um bom nível social, e sou colorado, e meu melhor amigo é negro (ah, e gremista, por sinal). Só quem convive de perto com eles sabe como eles sofrem discriminação em alguns locais, e como muitos de nós temos, intrinsecamente alguns conceitos racistas muito arraigados dentro da nossa mente.
Ao invés de pedirmos a caveira da moça nas redes sociais da justiça e hipocrisia, quem sabe a gente não aproveita para revisitar a própria mente, e aponta um pouco do nosso próprio racismo para tenta mudar? Quanto a mulher, desejo que parem de fazer-lhe perseguição, e que todo este constrangimento tenha servido para mudar a vida dela, e até mesmo a vida de outras pessoas para melhor. Quanto à torcida do Grêmio, fica o alerta para que continuem combatendo o racismo de frente, haja vista que a reclamação contra o clube azul, preto e branco é recorrente.
P.S.: Uma coisa que preciso ressaltar, é muito mais preconceito chamar um negro de afrodescendente do que de negro. O negro é negro, assim como o alemão é alemão. Mas melhor mesmo seria chamarmos à todos nós pelo nome e pararmos com esse negócio de distinção de raças. Não precisamos de ações afirmativas, precisamos sim, tratarmos uns aos outros de igual para igual.
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