quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Réquiem...


Andava para casa com seu passo inseguro...
Sentia frio, naquela noite gelada e escura...
Ao seu redor não havia ninguém na rua...
O vento que agora batia lhe gelava os ossos...
As casas da vizinhança, envoltas por muros...
Forte melancolia, neste cenário que não muda...
E no céu, nuvens que impedem a luz da lua...
O destino mais e mais longe, apesar dos esforços...

A chuva que cai de lado ensaia com o vento...
Desta infernal sintonia, ouve-se um réquiem terrível...
Não há tempo para chorar, nem pra reclamar...
Sente-se sob seus ombros a mão pesada da angústia...
Nenhum pensamento pode aliviar este sofrimento...
Esse cenário triste abala o coração mais insensível...
No chão negro-cinza, sente-se a perna pesar...
Nessa paisagem triste, o ar é carregado de penúria...

O caminhar trôpego persiste apesar do frio...
Olhando para o alto, a pobre alma implora salvação...
Sonhando em um dia voltar para a luz, vai em frente...
A chuva fria castiga as roupas esfarrapadas...
Molhado até as vísceras, sente o futuro sombrio...
O desespero, antes disfarçado, contamina o coração...
E, num último suspiro, ainda olha mais adiante...
Sente-se morto vagando no espaço-tempo, alma penada...


Leonardo Hartmann da Silva (Réquiem)


Todos nós temos dias de angústia, dias onde parece que o mundo esqueceu de nós, e estamos sozinhos, presos por muros terríveis...

Só entende o que é a alegria, aquele que viveu tristeza, só sabe sair da tristeza aquele que conhece a alegria...todos nós somos no fundo seres humanos caminhando atormentados por alguma coisa por toda nossa existência...


Um comentário:

  1. Realmente, só sabe definir a alegria quem já sentiu a tristeza bem de perto...
    Gostei muito desse teu escrito, parece q esse estilo de escrita me toca mais...
    Abraço da de sua amiga Sol.

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