segunda-feira, 22 de junho de 2015

Atitudes Suspeitas e a Judicialização das pessoas


Antigamente, tinha uma crônica do Luís Fernando Veríssimo sobre "atitudes suspeitas". Assim como ele, eu sempre desconfiei um pouco desse tipo de coisa. Quem me garante que, do nada, eu ou você não estaremos fazendo uma atitude que dá cadeia, cause constrangimento, ou dizendo alguma coisa que "levante suspeita".

Hoje em dia vemos na imprensa, inclusive nos meios mais sérios, verdadeiras fábricas de "polêmicas". As pessoas buscam por isso, vigiam cada palavra que falamos, estão sempre à espreita de uma declaração mais forte ou mais contundente, para que possam noticiar "fulano dá declaração polêmica sobre negros, ou sobre gays, ou sobre evangélicos..." substitua pelo que você quiser, o que interessa é padronizar o pensamento, o comportamental, o modo de vestir, tudo.

A moça usa um decote, ou faz uma piadinha mais "forte"...está se oferecendo. O rapaz brinca com algo, toca uma mulher no ombro, ou elogia a roupa dela...é safado ou quer safadeza. Às vezes eu acho que se continuar assim, seremos como robôs, como latas incapazes de produzir um pensamento um pouco "fora da esteira". Eu sinceramente nunca fui assim, eu sempre fui um contestador, sempre fui um provocador, um agitador, na maioria dos casos, a meu prejuízo. Jamais me arrependi disso, não faço o que faço com uma gota de maldade no coração.

Vou além, acho que se continuar assim, viveremos com um advogado a tiracolo. Antes de dar uma declaração mais forte, consultaremos nosso advogado no paletó, e perguntaremos, posso falar assim? Vai pegar bem? Não despertará polêmica? Levarei algum processo?

Somos uma geração de hipócritas, se você quer saber. Somos uma geração que acha bonito cuidar de cães de rua, mas que culpa mendigos por viverem na sarjeta. Somos uma geração que não suporta testes de produtos de beleza com animaizinhos, mas que não faz a menor questão de receber bem os pobres haitianos que chegam ao nosso país. Somos uma geração que coloca na cadeia uma pessoa que bebe 2 copos de cerveja antes de dirigir, mas que não mantém preso menores de idade que roubam, estupram e matam. Somos desse mesmo tempo, que os pastores pregam moral e falam mal do diabo, mas que na vida real, longe dos olhos da multidão, são ainda mais satânicos do que o próprio "coisa ruim".

Assim sendo, eu dou uma dica pra você. Saia dessa linha um pouco. Produza intelectualmente algo mais na sua vida do que aquilo que você faz no trabalho. Assista programas de comédia de fora do país e veja como nós brasileiros estamos nos tornando idiotas, medíocres e falsos. Eu suspeito mesmo de quem parece muito santo. Quem é santo demais não devia pregar moral de coisa alguma, deveria, sei lá, falar de jardinagem, de funerária, ou de esculturas.

Freud explicava que quem vive dando "pecha" de alguma coisa aos outros, normalmente é assolado por este mal. Hoje em dia, todo mundo acusa, todo mundo fala demais, todo mundo sente demais. Acho que passou da hora de darmos uma guinada neste tipo de atitude, e começarmos a produzir conversas e modo de pensar um pouco mais inteligentes. Paremos de procurar preconceitos, paremos de procurar polêmicas. Por favor, empenha-te mais em buscar ideias.


Abraço,

Leonardo

P.S.: Ultimamente o "Sol" tem sido lido pelas pessoas mais diversas. Aos meus novos leitores, um abraço fraterno. Aos de sempre daqui, outro. Peço apenas que os novos leitores leiam mais vezes meu pequeno hobby antes de se sentirem embebidos de algum tipo de preconceito.

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