quinta-feira, 2 de julho de 2015

Velhas Virgens e Restart


Eu sempre digo que um dos aspectos mais refletores do estado cultural geral da população é a música que a mesma está ouvindo.

Como é bem sabido por todos vocês, já levantei muitas vezes essa bola, já tratamos disso diversas vezes. Já chutei os sertanejos universitários e os que nem na faculdade adentraram ainda inúmeras vezes, também já tratamos da MC Melody, e dos MC's infanto-juvenis, verdadeiros expoentes da precariedade cultural da nossa sociedade. Recentemente inclusive, fiquei perplexo em não saber quem era o Cristiano Araújo, e mais ainda pelos fãs que passaram a me detestar depois da inocente pergunta que fiz..."quem é Cristiano Araújo?", como se, sei lá, eu estivesse falando do Caetano Veloso, ou do "Rei" Roberto Carlos (que pra mim de Rei não tem coisa nenhuma).

Eu sempre tive uma alma rock n' roll, além de ter influências do surf music e do hip hop. Mas hoje quero tratar de rock mesmo. Nosso rock morreu, fomos de Legião Urbana ao Restart, do Velhas Virgens ao NxZero, sinceramente não acho que tenha sido uma troca muito boa não? Hoje ouvindo a triste entrevista do vocal do Velhas Virgens, percebe-se exatamente aquilo que venho abordando nas últimas colunas: O politicamente correto também está destruindo o rock, e isso é muito triste.

Além disso, temos outros problemas também: O rock clássico. As bandas que marcaram época entre as décadas de 60 a 90 eram tão incríveis que o que mais se tem hoje em dia é "cover" de tudo quanto é coisa. Isso também mata o trabalho autoral, isso também anula novas ideias, porque ainda estamos muito ligados nessas décadas áureas. O rock hoje é mais ou menos a seleção brasileira de futebol, existe muito pelo seu passado e muito pouco pelo seu presente.

No Brasil, 70% do mercado hoje está ocupado pelo ritmo sertanejo, segundo o vocalista da banda que me referi anteriormente. Pouco espaço para criar novas tendências no rock, não? E não adianta falar nesses programinhas de novas bandas que vemos na TV nacional por aí, são todas uns enlatados, fabricadas para esse mercado de gente politicamente correta e conformada. Pegue, por exemplo, o seguinte: as músicas mais antigas do rock normalmente tinham pelo menos uns 4 minutos e meio. Nesse mundo de hoje, onde tudo é muito rápido, muito volátil e muito vulgar, a maioria das canções (em todos os gêneros) normalmente chega em dois minutos e meio, quase sempre com um refrão meio grudento, pedante e pobre musicalmente.

Mais saudosismo da minha parte, mais nostalgia. Sei lá, talvez seja um certo sentimento por estar fazendo 30 anos esse mês. Eu só queria ter podido viver para conversar sobre poesia com o Renato Russo, por exemplo. Queria ver mais rock de verdade, tomando um pouco de espaço desses 70% que me referi anteriormente. Uma música nova, boa, que marcasse época, e que nos fizesse ouvir por pelo menos uns 4 minutos de novo.


Menos Restart e mais Velhas Virgens, ou coisa do tipo!


Um abraço meio nostálgico,


Leonardo

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